Nascida de uma atitude de profunda e serena meditação, a pintura de Nela
Vicente não se aprende, não nos emociona ou envolve apenas um instante,
tem que ser meditada e absorvida com toda a sua musicalidade, dando
generosamente tempo, todo o tempo, ao instante da sua contemplação.
Envolta em subtis contrastes, medidos e pesados, esta sensibilidade
minuciosa provoca-nos esta espacialidade tão emotiva e sem limites, em
resultados poéticos e musicais. Tanta sede de poesia e de pureza,
necessita por isso de uma arquitectura íntima e secreta. A procura de uma
tal pureza luminosa, tem a necessidade de um saber maduramente
experimentado, para tão delicadamente acariciar as matérias e a textura da
tela. Um olhar profundo no espaço longínquo da arte e na vibração do
espaço. Obriga-nos a penetrar e prolongar o olhar para além do plano da
tela até ao espaço ilimitado desse horizonte fluído e infindável,
permitindo-nos adivinhar a sua substância e o seu sentido.
Rui
de Barros - Professor de pintura do I.A.P.
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A
pintura de Nela Vicente emerge de um espaço indefinido e misterioso; onde
o térreo perde a sua cor natural (os castanhos e os ocres) para adoptar
um colorido fantasista; e onde o horizonte se esbate e apela ao infinito.
É nessa
"Substância Mater", nessa terra imaculada, que as plantas
surgem como afirmação da Vida, incorporando em suas formas o recorte,
mais ou menos nítido, de corpos femininos, ou até, a inserção de
rostos femininos entre os elementos vegetais. Deste
modo, todo o ambiente da paisagem é completado e até ampliado, pela
presença antropo-bro-morfológica das plantas, remetendo o imaginário
pictórico para um campo onírico e consequentemente para a escola
surrealista. Mas
estes quadros possuem mais do que uma interpretação literal, ou,
alegórico-psicanalista entre outras. Eles encerram uma técnica que, vai
desde a ingenuidade pictórica dos rostos, até á solidez da
representação dos recipientes esféricos, passando pela variedade
cromática da paleta usada nas folhas/corpos onde a sensualidade se
evidência através da relação cor/forma e que faz destes trabalhos uma
pintura do feminino, no feminino…"
João
Miguel Pais - Professor de Artes Plásticas e Artista Plástico
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En la obra de Nela
Vicente existe un dificil combinacion. Por un lado la explosion colorista,
y por el otro la fantasia poetica de su obra.
Nela Vicente
convierte cada obra en un paseo por algun sueño, un sueño que
irremediablemente hemos tenido alguna vez. De repente nos vemos inmersos
en el y nos paseamos por el interior de sus hojas, de sus figuras y de sus
casas.
Una pintura
limpia con trasfondo infantil e inocente convierte la obra de Nela Vicente
en la explosion de una caja de sorpresas en el cumpleaños de cualquier niño.
Explosion colorista que inunda el momento de rosas palidos, verdes
dificiles de combinar y rojos de tono intenso como el propio corazon de la
artista.
Contemplar la
obra de Nela Vicente nos traslada a lugares tan agradables, que ya casi
habiamos olvidado que existian.
Adolfo López - 2002
Gracias por tu confianza.
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Envolve-se
com a Natureza através dos seus sentidos extra-sensoriais.
O
seu profundo olhar mistura nas telas as folhas e as flores da criação de
uma forma pictórica, umas vezes impressionista, outras surrealista.
Mas
a corrente é dela. Ela fala com a Natureza e esta transmite-lhe toda a
energia que ela canta nos seus quadros. Vale a pena passear por entre a
densa folhagem florida e passar na geometria das coisas, das pessoas
inventadas, no seu erotismo escondido.
Correia
de Pinho - Poeta
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Cada pintor tem o seu mundo
próprio, cada pintor cria o seu próprio universo independentemente das
técnicas aplicadas nas obras. Eles dão-nos um pouco de si mesmo naquilo
que nos querem transmitir, pois queiram ou não uma pintura é sempre uma
tentativa de comunicação, tal como os escritores nos dizem com as
palavras, os pintores falam-nos com as manchas, traços e cores. Alguns
dão-nos mensagens ou simplesmente imagens do seu próprio mundo imaginário
ou formas de protesto e contestação de certos problemas.
Nela Vicente fala-nos da "Mãe
Natureza" que tanto preocupa o homem
contemporâneo. Independentemente das técnicas aplicadas, ela dá-nos
imagens ora suaves ora gritantes destes problemas que tanto nos preocupam
nos dias de hoje. A sua pintura surrealizante lírica e poética é uma
demonstração em como está atenta àquilo que é preservar a "Mãe Natureza".
Ernesto Neves - Artista plástico
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Inspirado toque pintor
Magia
chama de alma acesa
Expressão de música interior
Geometria de sonho e pudor
Nas telas
de su realeza
Suaves melodias de cor
Nas pétalas da Mãe Natureza
Canta em cada forma o amor
Em cromias de fresco odor
Num mar de luar e beleza
Carlos Lopes -
Compositor |
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O rosto absorve toda a tela. Por
incrível que pareça, basta meio rosto para contemplar a essência desta
bonita obra. A face direita, apresenta um olhar enigmático e límpido... um
semblante interessante e cativante! Mas a obra é muito mais ! A face
esquerda, duplamente enigmática, transmite através da sombra, de forma
ligeira e subtil , um outro olhar, um outro sentir, a partilha de dois
rostos num só mesmo. Sem me alongar, emergindo um pouco em toda a tela,
digo: Sinto o mar e o céu, sinto o azul a planar sobre o véu. Sinto as
trevas, sinto o amor...talvez até vislumbre o caminho... mas vejo muito
mais! Vejo gente que caminha e sinto a queda; sinto por outro lado a
dança, o espasmo, o erotismo! Vejo especialmente o equilíbrio num
contraste perfeito!
Deixando muito por dizer, quero salientar essencialmente: a forma de
retrato, a Mulher na figura!... Perdoa-me porventura o nome que lhe pus...
MANUELA
DE JESUS !
Luis Miguel Bastos - Poeta
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