Poemas de Luís Miguel Bastos:

 

 

HOJE E PORQUÊ HOJE ?

 

Hoje?, e porquê hoje e só agora ?

pensar não custa, é o momento

eu não me posso ir embora

enquanto houver um pensamento.

 

Porquê rimar , porquê voltar ?

as palavrinhas do avesso

fazer ideias de embalar

em trocadilhos de arremesso.

 

Não vale a pena esconder,

que ando no mundo perdido

não consigo compreender

se sou um mal entendido.

 

Eu gosto da poesia,

nua, despida, sozinha,

nos troncos da heresia

nas asas duma andorinha.

 

Gosto ainda mais dos poetas,

que não sabem o que são

nem os caminhos que seguem.

Lançam palavras em vão

trocadilhos de emoção

nas vontades que perseguem.

 

Ai!, eu gosto é das mensagens

lirismos de arrepiar

delírios, Amor, imagens

que não consigo alcançar.

 

Não vale a pena rimar

exercícios de destreza

sem poder avaliar

onde está sua beleza!

 

Ai!, eu gosto da poesia

das palavras a saltar

carregadas de profecia

no seio da fantasia

que me fazem caminhar.

 

Não faço questão da rima,

gosto mais do sentimento,

da prosa, do pensamento

na ardósia do momento !

 

Hoje?! Hoje estou entre montes e montanhas,

verdejantes aqui e além, e não me parecem de ninguém.

Rochas cinzentas, negros penedos, cheios de medos,

verdes as águas também.

 

Hoje?... Partilhei com amigos e outros, um pouco do que sou, sem afinal ser ninguém.

Não me apelidem de nada, porque nada sou!

Eu sou apenas mensagem, reflexos de uma imagem,

que já era e voou.

 

Não me quero ir já embora, quero continuar a ser e a escrever, na escrivaninha do futuro e do momento.

Eu sou o avô que nunca tive, que nunca conheci, mas que hoje, aqui sentado a meu lado, na terra onde nasceu, comigo partilha este momento e o além.

Eu sou apenas aquilo que sinto e mais ninguém!

 

Perdoem-me porventura, se pareço pedra dura ou furacão.

Sou apenas a mensagem que perdura,

ideias em levedura e emoção!

 

Tudo é apenas sentimento, envolto na beleza do momento.

Sentado sobre o leme da vontade, faço da esperança e da saudade,

a verdade e a ilusão!

 

É neste sentir supremo que não consigo descrever, que está certamente guardado algum do valor que julgo não ter.

Poder-se-á por isso resumir este meu texto, na palavra emoção, que é digamos o primor do coração.

 

Sinto por tudo isso e apesar de tudo, imenso Amor!

Hoje?, porquê hoje e agora?

Não sei!... Por ora basta, vou-me embora!

 

 

 

 

UM OLHAR

 

A doce fragrância era o corpo

onde o imaginário se fez gente

num sonho delirante e torto

importa não estar morto

sou poeta ou absorto?

sou diferente.

 

É uma espécie de demência cristalina

de quem vê para além do horizonte

um olhar sem filtro, sem retina

um vaguear de ideias onde o amor prima

um beijo de sol no cume dum monte.

 

É nesse patamar que me instalo

e humildemente me observo e me revejo

se porventura na loucura me regalo

se das palavras faço um estalo

da poesia quero um beijo.

 

Medalha de Vermelho Internacional - AEA França, 2007

 

 

PEQUENINO!?

 

 

Montado num papagaio de papel,

Voei, subi até às  estrelas cintilantes,

sentei-me sobre a lua e pensei,

fazer destas letrinhas dois amantes:

 

 

Letrinhas que se juntam, como meninos de mãos dadas.

Pequenino poema, em forma de casinha de bonecas.

Apenas letrinhas, letrinhas de Amor, letrinhas de terra para a minha flor!

Pedacinhos de Amor que se juntam em montes,

grãozinhos dispersos que as crianças juntam,

em castelinhos de areia que as águas derrubam.

 

…Vem comigo brincar, minha flor!...meu Amor!

 

 

Luís Miguel Bastos e Nela Vicente


 

 

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